Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 18, 1-5.10)
Naquela hora, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos Céus?” Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles e disse: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus. E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe. Não desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus”.
Temos hoje a alegria de recordar a presença sempre constante dos nossos santos anjos custódios, instrumentos de que sabiamente se serve a divina Providência para governar os nossos passos neste mundo. Porque, se bem é certo que Deus tudo poderia fazer sozinho, sem nenhum intermediário, é fato atestado pela Revelação e evidente pela constituição mesma da Igreja que Ele conta e quer contar com o ministério de suas criaturas. Assim, pois, como Deus se vale de homens, tão pequenos e inconstantes, para levar de um extremo ao outro da Terra a verdade da fé católica e a força salvífica dos sacramentos, assim também Ele encarrega os santos anjos, tão grandes e para sempre confirmados em graça, de nos assistirem continuamente, enviando-nos suas inspirações e livrando-nos de uma multidão de perigos, tanto físicos como espirituais. A Liturgia de hoje nos vem recordar, desta forma, que temos sempre ao nosso lado uma pessoa muito santa, que, estando acima de nós por natureza e dons, se digna contudo a servir-nos como se fossemos seu único cuidado.
O problema é que, por mais inteligentes que sejam, os anjos da guarda não podem saber tudo o que se passa conosco. Há sempre uma parte, a mais íntima, da nossa alma, dos nossos pensamentos, que só lhe serão acessíveis se lha quisermos comunicar. Eis por que é de suma importância, para bem aproveitarmos o auxílio do nosso anjo custódio, que nos recordemos sempre de sua presença, o invoquemos com frequência e lhe demos livre acesso à nossa interioridade, falando-lhe de nossas necessidades, pedindo-lhe luzes nas matérias que mais nos inquietam, para que nos guie ele com segurança até o céu. Quantas ajudas, quantas iluminações já não teremos recebido deste nosso amigo, sem sequer nos darmos conta! E quão grande tem sido a nossa ingratidão, quão insensato o nosso esquecimento, por não agradecermos a Deus e aos anjos pelos benefícios que deles recebemos nem a eles recorrermos, nós, que mal sabemos aonde vamos nem que caminho temos seguido! Como propósito concreto, comecemos a partir de hoje a invocar frequentemente o nosso anjo da guarda, dirigindo-lhe de manhã e de noite a oração Santo Anjo do Senhor, que todos aprendemos ainda crianças.
Oração (da Coleta da Missa dos Santos Anjos da Guarda). — Ó Deus, que por inefável providência vos dignais enviar os Santos Anjos para que nos guardem, fazei, nós vo-lo pedimos, que sejamos continuamente defendidos pela sua proteção e mereçamos alcançar no céu a glória da sua companhia. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.
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