Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 9, 14-15)
Naquele tempo, os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”.
Toda sexta-feira do ano, quando não é solenidade, é dia de abstinência de carne, ou seja, dia de fazer penitência. E isso deve ocorrer de forma ainda mais especial nas sextas-feiras da Quaresma. Por isso, embora tenhamos saído de um dia de jejum e abstinência, que foi a Quarta-feira de Cinzas, hoje podemos e devemos intensificar a nossa penitência.
Jesus, no Evangelho de hoje, fala sobre o jejum e, portanto, nós podemos também realizá-lo nesta sexta-feira. Há algumas dicas para vivermos o jejum de forma bastante prática na Quaresma. Em primeiro lugar, não existe somente o jejum absoluto, já que nem todos conseguem fazê-lo por razões como um trabalho exigente, um trabalho braçal ou um esforço físico durante o dia, que precisa claramente de energia, ou quando a pessoa sofre de algum problema de saúde, como pressão baixa ou hipertensão.
Logo, existem outros jeitos de se fazer essa penitência, como deixar de comer o tanto que gostaríamos; ou ainda, deixar de comer alimentos saborosos e alimentar-se só de salada e verduras, alimentos que não dão muito tempo de saciedade, assim como o peixe.
Muita gente pergunta por que se pode comer peixe nos dias de abstinência, mas não carne de gado ou carne de frango. A razão é que o peixe é um alimento de fácil digestão, que a pessoa come e, logo depois, já está com fome. É diferente de comermos um churrasco, que ficamos digerindo pelo resto do dia, e a fome nunca vem.
É uma forma de acrescentar um pouco de desconforto para que, através desse pequeno sofrimento, aprendamos a transformar a dor em amor. Não precisamos ser uma espécie de faquir, que sabe fazer o seu corpo passar por duros sofrimentos, como deitar-se numa cama de pregos. Trata-se de nós, através de uma pequena penitência e das pequenas cruzes dela decorrentes, aprendermos a abraçar a grande cruz da vida e do amor.
Então, saibamos fazer um jejum moderado nas sextas-feiras, conforme a nossa possibilidade. Porém, é claro que podemos fazer um jejum mais rigoroso se tivermos saúde para isso. O que a Igreja quer não é prejudicar nosso corpo ou tirar nossa energia, de que precisamos para cumprir a nossa missão ou até mesmo para amar a Jesus na prática, mas, sim, que nos unamos à Paixão de Cristo, de forma que contrariemos as vontades do corpo, porque só assim o Espírito Santo irá mandar na alma, e a alma, por sua vez, irá mandar no corpo.
Essa é a hierarquia adequada, para combater a desordem causada pelo pecado, em que o corpo manda na alma, e a alma expulsa o Espírito Santo da nossa vida. Precisamos, pois, dar lugar ao Espírito de Amor, unindo-nos ao jejum que o próprio Cristo realizou nos seus quarenta dias no deserto.
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