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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 6, 30-35)

Naquele tempo, a multidão perguntou a Jesus: “Que sinal realizas, para que possamos ver e crer em ti? Que obras fazes? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está na Escritura: ‘Pão do céu deu-lhes a comer’”.

Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo, não foi Moisés quem vos deu o pão que veio do céu. É meu Pai que vos dá o verdadeiro pão do céu. Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”.

Então pediram: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”. Jesus lhes disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”.

Continuamos a leitura do 6.º capítulo do evangelho de S. João, o capítulo que contém toda a doutrina eucarística que o Apóstolo quer pôr em nossos corações. O Evangelho de hoje nos fala do pão descido do céu, ou seja, da Eucaristia, prefigurada no Antigo Testamento pelo maná. Agora, vem à luz aquilo que Deus já vinha preparando e profetizando. É Jesus, que se apresenta como o próprio pão da vida. Em primeiro lugar, recordemos o seguinte: Deus atravessou o mar Vermelho com o povo no Antigo Testamento, livrando-o do Egito e das garras do faraó. De certa forma, como que realizando essa profecia, Jesus também atravessa o mar com seus discípulos, mas dessa vez Ele atravessou o mar, não por abri-lo no meio, mas caminhando sobre ele. Ao chegar do outro lado, o que Jesus encontra? A mesma coisa que Moisés encontrou no povo de Deus mil e duzentos anos antes de Cristo: um povo a murmurar, um povo que, liberto por Deus, salvo do Egito, salvo das garras do faraó, começa a pedir alimento, pão material. Deus, na sua bondade, deu-lhes um alimento que caía do céu: o maná. Tudo isso, porém, era prefiguração do que Cristo iria realizar centenas de anos depois. Jesus atravessa o mar e encontra um povo a pedir alimento de graça, como vimos no Evangelho de ontem. Agora, ao invés de lhes dar pão comum, pão normal, Jesus quer-lhes dar o pão descido do céu. Ora, o pão descido do céu, prefigurado no Antigo Testamento pelo maná, é o próprio Jesus. É com essa declaração que culmina o Evangelho de hoje. O Senhor diz: “O pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”. A multidão clama: “Senhor, dai-nos sempre desse pão”, ao que Jesus responde: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”. Aqui começamos a ver aquilo que já tínhamos dito ontem, a refeição espiritual que Jesus quer-nos proporcionar. Ontem, falamos das pessoas que rezam, rezam e rezam, mas não têm a atitude correta. São almas que querem mais falar do que ouvir a Deus. Mas é necessária a atitude de escuta e de fé. A maior parte das pessoas, por ter uma mentalidade meio pagã, quando vai rezar, quer mudar a Deus. Se estou, por exemplo, precisando de pão, vou rezar para convencer a Deus a dar-me pão, como as turbas que vieram até Jesus para o convencer a dar-lhes de comer. A atitude correta é a contrária. A atitude correta não é a de querer mudar a Deus, mas a de deixar-se mudar por Ele. Se vamos rezar, temos de ir prontos para que Deus nos mude, mude nossa mentalidade, mude nossa vida. Não tenhamos medo de deixar Deus nos mudar: Ele vai mudar-nos para melhor. No entanto, para vermos essa mudança acontecer de fato, é necessário que estejamos dispostos a ouvir, dispostos a deixar Deus nos dizer palavras que talvez nos incomodem, e sempre com atitude de fé — ouvindo a Palavra de Deus, procurando a verdade, buscando o que Deus quer dizer, e não o que nós queremos ouvir. Com essa atitude de fé, poderemos crescer espiritualmente. Na vida de oração, de fé em fé, ouvindo a Deus cada vez mais, vai acontecer necessariamente de, um belo dia, essa escuta da Palavra de Deus tornar-se-nos uma refeição espiritual. Muitas pessoas já o experimentaram, e se ainda não o experimentamos, saibamos que o podemos experimentar. Quando nos abrimos para que Deus diga o que quer dizer, Ele alimenta nossa alma, nos dá aquele pão de cada dia. E é isso que a Igreja faz com os fiéis na Missa. Esse capítulo de São João fala da Eucaristia. Ora, como é a Missa? Como é a Eucaristia de que nós participamos? A Missa tem duas partes. Na primeira parte da Missa, fala Deus, e Jesus se dá como pão, mas como pão da Palavra, que nos alimenta e nos oferece uma refeição espiritual através da fé, da escuta de sua Palavra. Na segunda parte da Missa, Jesus se dá no pão eucarístico, no qual temos verdadeiramente o corpo vivo de Nosso Senhor — Ele, em corpo, sangue, alma e divindade, se nos dá como alimento. Então, assim como a Missa tem duas partes, a Liturgia da Palavra e a Liturgia eucarística, assim também esse discurso de Jesus sobre o pão da vida. Jesus, na primeira parte do discurso, diz: “Eu sou o pão descido do céu”, “eu sou o pão vivo”. Mas Jesus está falando de si mesmo enquanto conhecido pela fé. Ele ainda não se referiu ao comer a sua carne e ao beber o seu sangue. Isso, Ele o fará a partir do versículo 51. Por enquanto, Ele fala de um outro tipo de alimento espiritual, Ele fala de si mesmo como alimento através da escuta da Palavra, da fé no que Ele diz: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crer em mim não terá mais sede”. Sim, há uma refeição espiritual que podemos fazer até mesmo em casa: quando nós, em oração íntima, de escuta, nos pomos a ouvir a Deus, como Maria aos pés de Jesus. Contemplativa, ela escutava Jesus e ali fazia sua refeição espiritual. Não adianta nada sermos Martas agitadas e não ouvirmos o que Jesus quer-nos dizer. É somente quando estamos dispostos a ouvir o que Cristo nos tem a dizer que iremos fazer essa refeição espiritual que Ele nos propõe. Façamos isso. Tomemos a decisão de que precisamos ter vida de oração, não para falar, falar e falar, como se Deus só estivesse lá para nos ouvir; mas, ao contrário, para escutar, escutar e escutar tudo o que Ele quer-nos dizer. Isso irá transformar nossa vida, irá alimentar-nos e dar-nos força espiritual. Por quê? Porque Jesus é o pão da vida, da vida eterna, da vida sobrenatural, da vida de Deus, e quem crê nele nunca mais precisará de outra vida a não ser a dele.

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