Na aula passada, a mais empenhativa até agora, tentamos explicar o que é a transubstanciação. Não custa lembrar outra vez que o objetivo desta primeira parte do curso é expor o dogma da presença real de Nosso Senhor na Eucaristia, presença essa que é certa continuidade da encarnação. Com efeito, a partir da anunciação do arcanjo Gabriel, Deus Filho assumiu, unindo-a à sua divina pessoa, uma natureza humana como a nossa, da qual se serviu, como de um instrumento, para realizar a salvação.
Vemos isso com clareza no Evangelho. A hemorroíssa, por exemplo, apenas tocou-lhe a orla do manto, foi curada não só da doença física como do pecado: Vai, a tua fé te salvou. Inúmeros outros enfermos — cegos, surdos-mudos, leprosos etc. — alcançaram a saúde pelo contato com a carne vivificante do Senhor, Verbo humanado. Não à toa seu nome é Jesus, Yeshua, que significa “Deus salva”.
Ora, sabemos que a salvação operou-se principalmente pelo sacrifício da cruz, ou seja, pelas dores redentoras que Cristo suportou em sua humanidade. Mas a pergunta que naturalmente nos fazemos é: como nós, tão distantes no tempo daqueles eventos salvíficos, podemos tomar parte nos frutos da salvação?...