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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 7, 6.12-14)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Não deis aos cães as coisas santas, nem atireis vossas pérolas aos porcos; para que eles não as pisem com o pés e, voltando-se contra vós, vos despedacem. Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas. Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso é o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ele! Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida! E são poucos os que o encontram”!

“Entrai pela porta estreita”, diz Nosso Senhor, “porque larga é a porta e espaçoso é o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ele”. A porta estreita pela qual se entra no céu e se tem acesso ao banquete da glória celeste, diz S. Agostinho, é a Lei de Deus, que modera e mortifica nossas paixões, e também a obediência, a continência, a penitência e a cruz de cada dia, que Cristo nos manda carregar, se o queremos seguir em seu triunfo. A porta larga que leva à perdição da geena, por sua vez, é a concupiscência, o excesso de liberdade, a gula, os pecados da carne em geral etc. Cristo, que melhor do que ninguém sabe como chegar ao céu, refere-se em parte às sanções, em parte às interpretações que fizeram de sua Lei, promulgada pouco antes (cf. Mt 5, passim): “Aquele que disser ao irmão: Louco, será condenado ao fogo da geena”; “Aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher já adulterou com ela em seu coração”; “Se teu olho direito: se alguém te ferir a face direi­ta, oferece-lhe também a ou­tra”; “"Dá a quem te pede”; “Amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam”; “Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito”. Tudo isso, com efeito, é árduo e laborioso, como se Jesus estivera a dizer: “Julgais que vos tornei difícil a salvação; sabei porém que ela é, em si mesma, árdua e difícil. Não fiz mais do que vo-la descrever tal como é. O caminho pois que leva à glória é a pureza e a santidade, que no presente estado de natureza caída não se pode alcançar sem mortificação e um perfeito domínio das paixões”. De fato, assim como pela concupiscência Adão caiu em pecado e, nele como em nossa cabeça, todos nós pecamos, assim também não temos outro remédio que disciplinar a concupiscência e, com o auxílio da graça, fazer violência contra nós mesmos para conquistar o Reinos dos céus: “O Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam” (Mt 11, 12). Tarefa, sim, custosa e muitas vezes pouco grata à nossa sensibilidade, aos nossos gostos e comodidades; mas é o único e verdadeiro caminho para chegar àquela bem-aventurança a que todo coração humano anseia, mas a que poucos, infelizmente, estão dispostos a chegar: “Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida! E são poucos os que o encontram” [1].

Referências

  1. Cf. Cornélio a Lapide, Commentaria in S. Scripturam. Neapoli, 1857, vol. 8, pp. 144D-145A.
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