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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 15, 9-17)

Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor.

E eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai.

Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros.

Celebramos ontem a festa de Nossa Senhora de Fátima. Se, no entanto, observássemos o Calendário universal, teria sido a solenidade da Ascensão do Senhor, o que quer dizer que estamos a nove dias de Pentecostes. Por isso, gostaríamos de dedicar as próximas homilias a mais uma novena preparatória. Saímos, pois, de uma novena, a de Fátima, para iniciar outra, a de Pentecostes. Na verdade, trata-se da mãe de todas as novenas. Afinal, nós católicos fazemos novenas por causa de Pentecostes. Com efeito, ao subir aos céus na quinta-feira, Jesus disse aos discípulos: “Não vos afasteis da cidade até que venha o Espírito Santo”, e o livro de Atos nos diz que os Apóstolos, junto com a Virgem Maria, permaneceram unidos em oração no Cenáculo. Foram nove dias em que a Virgem SS., na companhia dos Apóstolos, pediu a vinda do Espírito Santo. O que nós queremos fazer é o mesmo. Unidos a Nossa Senhora, aos Apóstolos e, neste ano especialíssimo, a S. José, imploremos o dom do Espírito Santo. Existem várias orações que podem nos acompanhar nestes dias. Geralmente, faz-se a oração do Veni Creator, que pede a vinda do Espírito Santo, mas se pode rezar  também a ladainha do divino Espírito Santo. É a ladainha que muitos já estão acostumados a fazer na primeira semana de preparação para a consagração segundo o método de S. Luís M.ª Grignion de Montfort. Convém iniciar essa novena expondo quem é o Espírito Santo, porque, afinal de contas, não se pode supor como óbvio que todos os fiéis saibam quem ele é. O Espírito Santo nos foi revelado com a vinda de Nosso Senhor ao mundo. O Espírito Santo, é claro, existe desde sempre, porque Deus é Trindade — Pai, Filho e Espírito Santo —, mas nós não sabíamos que Deus era assim. Já sabíamos, antes da revelação cristã, que Deus existia e era uno em essência, mas ignorávamos de todo a Trindade de pessoas, isto é, que nele há três pessoas realmente distintas. Deus no-lo revelou com toda a clareza quando do batismo de Jesus. Ali, dizem os sinóticos, se abriram os céus e a Trindade se apresentou. Sobre as águas do Jordão, Deus descortinou aos olhos do homem o mistério eterno de amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus foi ser batizado por João; no momento em que Ele saiu das águas, abriu-se o céu, e o Espírito Santo, em forma de pomba, pairou sobre Cristo, enquanto uma voz do alto dizia: “Eis o meu Filho muito amado, no qual coloquei todo o meu bem querer”. Eis a Trindade: o Filho encarnado, recém-batizado a sair das águas; o Espírito Santo em forma de pomba; e a voz do Pai dizendo: “Eis o meu Filho muito amado”. São três pessoas divinas com a mesma dignidade, que merecem a mesma adoração. O batismo de Jesus, além disso, nos remete à criação, simbolizando uma recriação. Senão vejamos. Jesus sai das águas, e sobre elas paira o Espírito Santo. É uma cena semelhante à que encontramos nos primeiros versículos do Gênesis, onde se lê: “No princípio, Deus criou o céu e a terra”, e a terra estava caótica, isto é, vazia. O Espírito de Deus pairava sobre as águas, e a linguagem usada no original hebraico indica que esse “pairar” é, de fato, como o das asas de uma pomba. O paralelo é perfeito: há águas, há pomba, há ordem. O que isso quer dizer na prática? Tudo o que Deus criou é ordenado. Deus não faz nada desordenadamente, como quem age de maneira aleatória. Não. As coisas foram criadas, e é o Espírito Santo quem desde o início as ordena com perfeição, de maneira que nós, criaturas, podemos compreender, contemplando a criação, o plano de Deus, para quem todas as coisas existem. Também nós fomos feitos para Ele, isto é, para a sua glória. Olhemos para os astros, os planetas, as galáxias distantes… Tudo isso foi feito para a glória de Deus. Mas como os astros vão glorificar a Deus? Apenas se alguma criatura inteligente lhes der voz, cantando por eles os louvores do Criador: “Olho para o céu, a obra de vossas mãos” (Sl 8). É o Espírito Santo quem nos faz ver que Deus tudo fez por amor a nós, manifestando na criação sua beleza e sabedoria. No início desta caminhada a Pentecostes, peçamos que o Espírito Santo nos faça enxergar em todas as coisas criadas um presente de amor, até num singelo copo d’água. Foi por amor! Em tudo, em cada pequeno detalhe da vida, Deus manifesta seu amor por nós. O Espírito Santo criador paira sobre a criação com suas asas e nos revela por sua graça que tudo tem uma finalidade. É tudo por amor! Quer olhemos para o corpo que temos, para a comida que comemos, para a natureza que nos cerca, com suas árvores, os pássaros e as nuvens do céu, em tudo isso há um sinal do amor de Deus por nós. Olhemos as nuvens. Deus as pendurou lá em cima porque nos ama! Olhemos o riacho. Deus o faz correr com água cristalina porque nos ama! Olhemos as pessoas da nossa família. Deus as pôs em nossas vidas porque nos ama! Tudo é sinal amoroso de Deus. Se o reconhecemos na criação, é porque o Espírito Santo criador nos está convidando a amar a Deus de volta, a Ele, que tudo criou para a sua glória e por amor a nós.

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