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A paternidade escondida de São José

Dentre os muitos títulos com que São José foi agraciado nos últimos tempos, também lhe cabe o de “padroeiro da vida íntima e secreta”. Aquele, de fato, que os Apóstolos e Evangelistas levaram aos quatro cantos do mundo com sua pregação, o patriarca da Sagrada Família guardou no escondimento de Nazaré e, mais ainda, no silênci...

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São José só é chamado pai "adotivo" de Jesus Cristo por falta de um nome melhor. De fato, diferentemente do que acontece nas adoções comuns, o patriarca da Sagrada Família não se fez pai por vontade própria, mas por um decreto eterno de Deus; nem se tornou pai por um acaso, senão por providência divina; fez-se obedecer em Nazaré, por fim, não por força própria, mas novamente por graça do alto — sem a qual seria inconcebível o Filho de Deus ser-lhe submetido, como de fato o foi, segundo o testemunho do Evangelho (cf. Lc 2, 51).

Tanto não foi mediante sua vontade que ele assumiu a Sagrada Família, que São José pretendia abandonar em segredo Maria Santíssima e o Filho que ela trazia no seio (cf. Mt 1, 19), não porque suspeitasse de sua integridade, mas porque se sabia indigno de participar de um mistério tão elevado. Foi só após a visita do anjo do Senhor, durante um sonho, que cessaram as suas hesitações e ele pôde, então, amparado pela força dessa revelação, tomar sobre si o nobre encargo de proteger Jesus e Maria.

Grandiosa foi, realmente, a missão de São José e, embora a eloquência de um apóstolo ou de um evangelista seja muito mais estimada pelo presente século, só a vida íntima e escondida da contemplação pode sustentar verdadeiramente a santidade cristã. O testemunho público de nada vale, se as testemunhas não tiverem os segredos do Rei escondidos no coração.

Ainda nesse sentido, é muito significativo que o patriarca da Sagrada Família tenha partido deste mundo antes de que Nosso Senhor iniciasse o seu ministério público, nas águas do rio Jordão. Era necessário, na verdade, que o humilde José saísse de cena, para que brilhasse com mais força a filiação divina de Jesus, manifestada no dia de seu batismo (cf. Lc 3, 22).

Este homem em tudo silencioso, portanto, que viveu a sua paternidade escondido numa humilde casa de Nazaré, tem em todos esses caracteres justamente a sua glória. Parece que agora, porém, neste capítulo específico do tempo da Igreja, aprouve ao Cristo revelar de modo mais forte a virtude de seu pai virginal, fazendo seus louvores ecoarem da boca dos santos, como Teresa d'Ávila e Francisco de Sales, e da pena dos Papas, dos quais praticamente nenhum, no último século, se eximiu de escrever algo sobre a sua santidade.

Possamos também nós, em coro, entoar louvores de gratidão a Deus, por este que é o Patrono da Sagrada Família, o Padroeiro da Igreja Universal e o socorro certo em todas as nossas necessidades. Valei-nos sempre, ó glorioso São José!

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