Inúmeros anjos, criados por Deus naturalmente bons, pecaram e foram condenados por toda a eternidade. Trata-se de uma verdade de fé, contida expressamente na Escritura e ensinada pelos Santos Padres [1]. O diabo, diz o Senhor no evangelho de São João, “não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele”; em outro lugar, no de São Lucas: “Eu via Satanás cair do céu como um raio” (Lc 10, 18); e o discípulo amado escreve: “O demônio peca desde o princípio” (1Jo 3, 8).
Antes de serem confirmados em graça, todos os anjos podiam pecar, ou seja, perder a graça e a santidade que receberam no início, até que, provada sua fidelidade e obediência ao Criador, fossem finalmente elevados à glória e à visão de Deus. Logo, os anjos não foram criados bem-aventurados [2], mas na condição de viadores, semelhante àquela em que nos encontramos na peregrinação deste mundo.
Nesse sentido, os anjos passaram por um duplo estado: um de provação, na qual tinham a virtude da fé teologal (com efeito, não viam a Deus face a face nem conheciam por evidência imediata os mistérios sobrenaturais que lhes foram revelados); e outro de termo ou chegada, no qual foram premiados os anjos bons,...