Na última aula, centramo-nos na reação dos demônios à vinda ao mundo do Verbo encarnado. Agora é o momento de falar do papel dos anjos bons na economia da salvação.
Recapitulemos que o motivo principal da Encarnação foi a redenção do gênero humano do diabo e suas obras, isto é, do pecado, como diz São João. Essa é a razão por que no Evangelho abundam possessos e manifestações demoníacas. Se Cristo, com efeito, veio destruir o príncipe deste mundo, é natural que ele e os demais espíritos das trevas entrem em alvoroço vendo-o libertar possessos e pregar contra as mentiras do inferno.
O demônio, como é lógico, mais atua onde mais oposição encontra. Por isso notamos na vida dos santos que, enquanto os que se dedicam a Deus e às coisas do alto veem-se constantemente assaltados por tentações e até obsessões, os que vivem no mundo, sossegadamente entregues ao pecado, parecem não dar trabalho nenhum a Satanás, que já os tem presos na rede de suas mentiras e sugestões.
Ora, se nos evangelhos, como em nenhum outro livro das Escrituras [1], se fala tanto de demônios, não seria de esperar que se falasse com igual ou até maior frequência dos anjos bons? No entanto, o...