Se Deus, como diz a Escritura, tudo fez para si mesmo (cf. Pr 16, 4), não há dúvida de que as criaturas, sejam anjos ou homens, não têm outro fim além de dar glória ao Senhor. O fim primário e principal das criaturas inteligentes, portanto, é que conheçam a Deus, o adorem, louvem, amem e cumpram a sua vontade.
Eis por que o Texto sagrado muitas vezes apresenta os anjos sendo convocados a adorar e louvar a Deus: “Adorai-o todos os seus anjos” (Sl 96, 7); “Bendizei o Senhor, vós todos os seus anjos” (Sl 102, 20); “Anjos do Senhor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o por todos os séculos” (Dn 3, 58). Assim como os homens, os anjos mostram perfeitamente o seu amor a Deus, quando o servem como ministros fidelíssimos, sujeitando-se à sua vontade e levando a cabo sem demora os seus mandatos.
É por isso que o divino Redentor, querendo levar-nos à bem-aventurança, ensinou-nos a pedir no Pai-nosso que a vontade de Deus fosse feita na terra como é feita no céu, ou seja, que ela fosse cumprida por nós nesta vida como já o é pelos anjos na glória. Mas Deus, que bem conhece nossa impotência e miséria, sabe que não podemos, abandonados a nós mesmos, realizar...