Concluímos a última aula dizendo duas coisas: 1) primeiro, que Deus conferiu aos anjos a dignidade de participar da execução de seus desígnios, particularmente no que diz respeito à santificação e salvação dos homens; 2) segundo, que essa participação corresponde a diferentes papéis entre eles, de maneira que uns são superiores a outros, o que supõe a existência no mundo angélico de alguma hierarquia.
A distinção entre os anjos, sua distribuição em determinadas classes e a relação de subordinação entre elas é um problema com não poucas dificuldades para a teologia. Já Santo Agostinho, um dos maiores Doutores da Igreja, reconhecia humildemente, ao escrever sobre as ordens angélicas enumeradas por São Paulo na Epístola aos Colossenses (cf. 1, 16): “Como se distingam aquelas quatro palavras, com as quais o Apóstolo parece ter compreendido toda a sociedade celeste, diga-o quem puder, desde que possa provar o que diz; eu, de minha parte, confesso ignorá-lo” (Enchirid. 58).
Comecemos separando o certo do incerto e esclarecendo os termos da questão. Que entre os anjos haja alguma distinção entre superiores e inferiores, segundo graus variados de perfeição e dignidade,...