Até o momento, estudamos a natureza e a operação angélicas, isto é, vimos que os anjos são criaturas puramente espirituais, inferiores a Deus e superiores aos homens, dotadas de inteligência e vontade mais potentes do que as nossas.
Na última aula, em particular, tratamos da provação dos anjos, ou seja, da condição de viadores (viatores) em que foram criados, elevados à ordem sobrenatural e constituídos em graça, mas ainda carentes da visão beatífica. Por isso alguns deles, em virtude de seu primeiro ato livre, mereceram a bem-aventurança, amando a Deus com caridade perfeita, enquanto outros, rebelando-se contra Ele, pecaram e foram condenados ao inferno.
Em razão da natureza puramente espiritual dos anjos, cujo intelecto entende por espécies infusas por Deus, sem necessidade de discurso, tudo o que eles decidem é em si mesmo irreformável, de maneira que os bons, uma vez alcançado o céu, estão para sempre confirmados em graça, ao passo que os maus estão obstinados no pecado e de todo incapacitados para o arrependimento e o perdão.
No mundo dos anjos, com efeito, tudo é definitivo, tanto nas alturas do céu como nas profundezas do inferno. Nós, porém, ao...