Em meio às controvérsias filosóficas e disputas teológicas de que foi palco a Idade Média, nenhuma corrente é tão importante para entender o pensamento moderno – e a decadência intelectual de nossa civilização – como o nominalismo.
Antes do fenômeno das universidades, a Inquisição e a Ordem dos Pregadores alcançaram tal êxito no combate à heresia albigense, que nunca mais a humanidade ouviu falar do catarismo. Embora a doutrina gnóstica sempre volte a fazer seus adeptos em algum momento da história, os sábios medievais conseguiram debelar totalmente a visão religiosa dos albigenses, mostrando ao mundo o poder das verdades reveladas por Deus. Quando, porém, o século XVI conheceu a Reforma Protestante, nem o Santo Ofício, nem a Companhia de Jesus, nem os sábios desse tempo conseguiram conter a sua expansão. Como pode ser que o mundo tenha mudado tanto em tão pouco tempo? Por que as pessoas conseguiam convencer as outras da verdade na Idade Média, mas não mais na Era Moderna?
A resposta está no nominalismo, uma doutrina ressuscitada pelo frade Guilherme de Ockham († 1347), segundo a qual a inteligência humana não poderia ter acesso a verdades universais,...