O sermão eclesiástico. — O chamado sermão eclesiásito, o quarto dos cinco discursos em que o evangelista S. Mateus divide o ministério docente de Cristo, entre os relatos da infância e a narrativa da Paixão, possui uma arquitetura própria e peculiar. Embora tenha, como os outros sermões, unidade literária e expositiva, concentrando-se sobretudo nos cc. 18–19 (com uma série de monita aos discípulos, pouco antes de encerrar-se o ministério galilaico), estende-se de certo modo ao c. 20, além de supor as cenas imediatamente precedentes, no c. 17, para ser compreendido em toda a sua profundidade. Com efeito, no início de seu comentário a Mt 18, o Aquinate destaca esse nexo de dependência entre os cc. 17–20, ao dizer que “antes”, ou seja, no final do c. 17, “o Senhor mostrou a glória futura em sua Transfiguração; aqui”, ou seja, do c. 18 em diante, “fala do caminho para essa glória” (de profectione ad illam gloriam) [1].
Nesse sentido, poder-se-ia dividir o sermão eclesiástico em duas seções:
1) Na primeira (c. 18s), Jesus ensina de que modo poderão os discípulos, como membros da Igreja, chegar à glória celeste, e isso por uma de duas vias: a) ou pela via comum da...