CNP
Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
Todos os direitos reservados a padrepauloricardo.org®
Texto do episódio
04

Se, como vimos, o sexo fora do casamento é pecado, até onde podem ir as carícias no namoro? Para compreender a delicadeza do tema, é preciso lembrar que nem sempre o oposto do amor é o ódio; o contrário do amor pode ser justamente “usar o outro”, usar o corpo da outra pessoa para o próprio prazer e gratificação sexual.

No relacionamento entre homem e mulher, muitas coisas que são feitas “em nome do amor” não passam, na verdade, de um grande e indisfarçável egoísmo: são a prova de que não há amor nenhum, mas sim um uso da outra pessoa. Não há dois sujeitos que se amam, mas sim um sujeito a usar um objeto.

Os limites, nessa matéria, são indicados pelo próprio corpo. Quando este começa a sinalizar que está se preparando para uma relação sexual, linhas indevidas já foram cruzadas. A lógica é simples: se duas pessoas não vão manter uma relação sexual, não devem se preparar para ela. Nesse ponto, insistir indevidamente em carícias representa um grave risco para ambos.

O Padre Antonio Royo Marín, O.P., em sua obra Teología Moral para Seglares (v. 1, 7.ª ed. Madrid: BAC, 1996, pp. 550-551), apresenta um esquema bem útil a ser seguido nessa questão:

1º. Olhares e toques. a) Será ordinariamente pecado mortal olhar ou tocar sem causa grave (como a tem o médico, cirurgião etc.) as partes desonestas de outras pessoas, sobretudo se são do sexo oposto, ou se são do mesmo, se se tem inclinação desviada por ele. Diga-se o mesmo com relação aos seios das mulheres.

b) Pode ser simplesmente pecado venial olhar as próprias partes unicamente com rapidez, curiosidade etc., excluída toda intenção venérea ou sensual e todo perigo próximo de excitar nelas movimentos desordenados. Não é pecado algum fazer o mesmo por necessidade ou conveniência (v.gr., para curar uma enfermidade, lavar-se, etc.)

c) Para julgar a importância ou a gravidade dos olhares e dos toques nas partes restantes do próprio corpo ou de outros, mais que a anatomia, há que se conhecer a intenção do agente, o influxo que pode exercer na comoção carnal e as razões que houve para permiti-los, de acordo com os princípios anteriormente expostos. Às vezes será pecado mortal o que em outras circunstâncias ou intenções seria tão somente venial e quiçá pecado algum.

d) O que foi dito em relação ao corpo humano aplica-se à vista de estátuas, quadros, fotografias, espetáculos etc., e na medida, grau e proporção com que se pode excitar a própria sensualidade.

Quanto aos beijos e abraços, é preciso recordar que o que faz um pecado é a intenção, mas não só ela. Assim:

2º. Beijos e abraços. a) Constituem pecado mortal quando se pretender com eles excitar diretamente ao deleite venéreo, ainda que se trate de parentes e familiares (e com maior razão entre estes, pelo aspecto incestuoso de seus atos).

b) Podem ser mortais, com muita facilidade, os beijos passionais entre noivos (ainda que não se tente o prazer desonesto), sobretudo se são na boca e se prolongam algum tempo; pois é quase impossível que não representem um perigo próximo e notáveis movimentos carnais em si mesmo ou na outra pessoa. Quando menos, constituem uma falta grandíssima de caridade para com a pessoa amada, pelo grande perigo de pecar a que ela se expõe. É incrível que essas coisas sejam feitas em nome do amor (!). Esta paixão cega não os deixa ver que esse ato de paixão sensual, longe de constituir um ato de verdadeiro e autêntico amor — que consiste em desejar fazer o bem ao ser amado —, constitui, na realidade, um ato de refinadíssimo egoísmo, posto que não hesita em satisfazer a própria sensualidade à custa de causar um grande dano moral à pessoa amada. Diga-se o mesmo dos toques, olhares etc., entre esta classe de pessoas.

c) Um beijo rápido, suave e carinhoso dado a outra pessoa em testemunho de afeto, com boa intenção, sem escândalo para ninguém, sem perigo (ou muito remoto) de excitar a própria sensualidade ou do outro, não pode ser proibido em nome da moral cristã, sobretudo se há alguma causa razoável para ele; v.gr., entre prometidos formais, parentes, compatriotas (de onde seja costume) etc.

d) O que acabamos de dizer pode aplicar-se, na devida proporção, aos abraços e outras manifestações de afeto.

Tenha-se sempre em mente que o amor acontece entre dois sujeitos, e não entre um sujeito e um objeto. A Igreja insiste em que não se deve transformar as pessoas, especialmente as que mais amamos, em coisas. Só assim, respeitando a alma do próximo, e o seu corpo como templo do Espírito Santo, se pode caminhar com firmeza e decisão rumo ao Reino de Deus, prometido aos puros de coração.

Material para Download

O que achou desse conteúdo?

0
4
Mais recentes
Mais antigos
Texto do episódio
Material para download
Comentários dos alunos