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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 19, 45-48)

Naquele tempo, Jesus entrou no Templo e começou a expulsar os vendedores. E disse: “Está escrito: ‘Minha casa será casa de oração’. No entanto, vós fizestes dela um antro de ladrões”. Jesus ensinava todos os dias no Templo. Os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os notáveis do povo procuravam modo de matá-lo. Mas não sabiam o que fazer, porque o povo todo ficava fascinado quando ouvia Jesus falar.

No Evangelho de hoje, Jesus purifica o Templo de Jerusalém. O episódio tem início no v. 45 do capítulo 19 de S. Lucas, que nos apresenta um Cristo de semblante irado, dizendo aos vendilhões: “Minha casa será casa de oração”. Mas para entendermos a fundo esta ira do Senhor, convém reler os vv. que precedem imediatamente esta cena, nos quais o evangelista retrata o choro sentido de Cristo pela Cidade Santa, depois de ter nela entrado triunfalmente no Dia de Ramos. “Aproximando-se ainda mais”, escreve S. Lucas, “Jesus contemplou Jerusalém e chorou sobre ela” (v. 41), acrescentando em seguida o prenúncio e a causa de sua ruína: “Virão sobre ti dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, te sitiarão e te apertarão de todos os lados […], porque não conheceste o tempo em que foste visitada” (v. 43s), isto é, o tempo oportuno (καιρὸς τῆς ἐπισκοπῆς) em que, revestido de carne, a visitou o seu Senhor e Salvador. Aqui se vê, antes de tudo, um contraste claro entre a recepção que teve Cristo em Jerusalém, por um lado, e a que teve em casa de Zaqueu, por outro: à casa deste, por ter sido Ele acolhido com fé, chegou a salvação, mas não a Jerusalém, porque não o soube e não o quis reconhecer: “Oh! Se também tu, ao menos neste dia que te é dado, conhecesses o que te pode trazer a paz!…  Mas não, isso está oculto aos teus olhos (v. 42). Eis por que Jesus chora amargamente, em soluços e clamores, e é este mesmo coração, atravessado de compaixão pelo destino dos que tanto ama, que hoje toma o chicote para purgar o Templo: “Jesus entrou no Templo e começou a expulsar os vendedores” (v. 45). Jesus, portanto, não se ira nem castiga por descontrole, por impaciência, por prepotência, mas por amor, como uma tentativa, talvez a última e mais drástica, de trazer à razão os que vê perdidos e afundados no pecado. Também sobre nós chora Ele muita vez, e se às vezes sentimos os golpes do seu azorrague, não é porque não nos ama, senão que é justamente por nos amar que nos castiga. Que o seu choro seja eficaz em nossas vidas e as suas lágrimas fecundem a terra árida do nosso coração, a fim de reconhecermos o tempo oportuno, o tempo da visita, este tempo único que temos de vida para, como Zaqueu, o acolhermos como Salvador e, arrependidos, satisfazermos todas as nossas dívidas.

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