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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 16,9-15)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores: porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Os fariseus, que eram amigos do dinheiro, ouviam tudo isso e riam de Jesus. Então, Jesus lhes disse: “Vós gostais de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações. Com efeito, o que é importante para os homens, é detestável para Deus”.

Jesus, no Evangelho de hoje, nos ensina que não podemos servir a Deus e ao dinheiro. Na realidade, Jesus nos está ensinando que precisamos nos servir do dinheiro, e não servir ao dinheiro (cf. v. 9). Com efeito, há algo importantíssimo que está acontecendo no mundo moderno. Já faz pelo menos três séculos que o mundo moderno fez do dinheiro a finalidade de sua vida, a causa final, o objetivo de sua existência. O sistema financeiro tem hipnotizado as pessoas, e é exatamente este sistema financeiro que faz tanto os capitalistas como os marxistas lutarem e digladiarem entre si. Porque, afinal de contas, é o dinheiro aquele a quem todos servem: os capitalistas, com a ganância; os marxistas, com a inveja, mas, em todo caso, é sempre ao dinheiro.

Se existe, pois, uma época da história em que o dinheiro se tornou deus é, sem dúvida alguma, a nossa época. O dinheiro tomou proporções idolátricas inimagináveis, e se há uma página do Evangelho que “põe o dedo na ferida” do nosso mundo moderno é exatamente esta: “Não podeis servir a dois senhores”. Usando aqui uma linguagem um pouco mais filosófica, um pouco mais objetiva, não se pode ter duas finalidades na vida, ou seja, não se pode ir a dois lugares distintos ao mesmo tempo: ou se vai a um, ou se vai a outro. Ora, a causa final, o sentido de tudo é o para onde se está indo. 

Qual é o sentido para o qual você envida todos os seus esforços, toda a sua vida, como à sua razão de ser? Para o que é que você vive? Poder-se-ia responder assim: “Padre, essa pergunta é muito difícil. Como vou saber para o que é que eu vivo?” Faça uma exame de consciência. No que é que você pensa o dia inteiro? Ah! você pensa em comprar aquele carro, em comprar aquela casa, em ter segurança econômica, em guardar uma poupança, em subir na carreira para ter mais, com um salário melhor… Veja, se olharmos bem, por trás das várias atividades e pensamentos do homem moderno, no fundo, no fundo, se cavarmos, cavarmos, cavarmos, é bem provável que encontremos ali… o dinheiro como a razão de tudo. E é um deus muito cruel! Sim, o dinheiro é um deus cruel. Por quê? Porque se existe algo que é de natureza transitória e de puro meio, é o dinheiro. Desculpe-me a linguagem filosófica; deixe-me explicar: ninguém pode querer o dinheiro pelo dinheiro. Todo o mundo quer o dinheiro para alguma coisa. Nós, porém, olhamos o dinheiro como se ele fosse a fonte da felicidade, o objetivo! E então, aquilo que é um meio torna-se a finalidade. Que tremendo equívoco! Que tremenda ilusão!... 

Meus queridos, para nos livrarmos desta miséria, meditemos — e meditemos com muita frequência — a respeito da morte. Sim, a morte, sobre a qual não gostamos de pensar; mas é necessário que nós compreendamos como as coisas materiais tornam-se absolutamente irrisórias, desprezíveis, ridículas, quando nos deparamos com a morte. Diante da morte, de que serve ter dinheiro no banco? Diante da morte, de que servem os bens que você acumulou? Diante da morte, de que serviu trabalhar tanto? “Insensato”, disse Jesus em uma outra parábola, “nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas que ajuntaste de quem serão?” (Lc 12,20). Essa é a miséria dos que fazem de um meio, uma finalidade. Mas a razão de ser e a finalidade de nossas vidas é Cristo. Ele é o logos, a razão de ser de nossa existência: por Cristo, com Cristo, em Cristo. Para Ele vivamos e usemos dos bens passageiros deste mundo para servir a Deus, ao verdadeiro Deus, ao verdadeiro Senhor.

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