Se o matrimônio, como visto na aula passada, é uma comunhão de vida entre o homem e a mulher, por que motivo São Paulo diz, em sua carta aos cristãos de Éfeso, que a esposa deve ser submissa ao marido (cf. Ef 5, 24)? Se é igual a dignidade do homem e da mulher, na medida em que ambos possuem a mesma natureza humana, como explicar que haja dentro do matrimônio papéis distintos, claros e bem definidos?
É o próprio Apóstolo quem nos dá a chave para encontrar a resposta. “Maridos”, escreve ele, “amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5, 25), porque só quem ama como Cristo pode participar da sua autoridade. O marido é cabeça da família, não por ser melhor ou maior do que a mulher e os filhos, mas porque é aquele que manda que, de uma perspectiva cristã, tem o dever de servir seus subordinados.
A autoridade paterna, nesse sentido, se deve à missão que todo pai e esposo tem de amar sua mulher e, a exemplo de Cristo, se entregar por ela, para santificá-la e levá-la, sem mácula nem ruga, para o Reino dos Céus (cf. Ef 5, 26s). O pai governa, porque serve; a esposa obedece, porque é servida por alguém disposto a derramar o próprio...