Vimos que os anticoncepcionais têm, de modo geral, uma potencialidade abortiva: eles não só impedem a gravidez como podem, além disso, encerrá-la logo em suas fases iniciais. Com relação aos métodos contraceptivos que, por si sós, não podem provocar um aborto — como, por exemplo, a camisinha e o chamado "coito interrompido" —, é preciso ter em mente que se trata, ainda assim, de práticas imorais. Ora, a razão por que a lei moral proíbe o uso desses métodos é a perversão da finalidade do ato sexual que eles implicam. Aqui vale a pena lembra que o fim ou a intenção influenciam de maneira decisiva na moralidade dos atos humanos. Com efeito, uma mesma ação, materialmente considerada, pode ser inspirada por várias intenções [1]; assim, por exemplo, podemos dar esmola por amor a Deus ou para vangloriar-nos diante dos outros. Do mesmo modo, um ato de aparente virtude pode perder seu caráter virtuoso se o fim por ele visado é mau. Nesse sentido, a paciência e a abstinência a que um ladrão se submete para assaltar um banco com mais facilidade tornam-se más, uma vez que o fim ao qual se ordena a ação é moralmente reprovável.
Ora, o ato sexual está, por si mesmo, orientado à...