Temos visto, desde a última aula, que as navegações, que traziam em seu bojo, ao mesmo tempo, o espírito das Cruzadas e do nascente mercantilismo, foram, no final das contas, empreendimentos de reis da Casa de Avis. Iniciou-se com o Infante Dom Henrique, mas foi elevado a negócio da Coroa com Afonso V, o Africano, e principalmente com João II. No entanto, o projeto não era uma unanimidade em Portugal — conforme vimos no Velho do Restelo, personagem camoniano. Veja, é figura de linguagem dizer que “os portugueses” fizeram as navegações. Quem as realizou foi esse rei, aquele capitão, e assim por diante.
Nesse sentido, Dom Manuel escolheu Vasco da Gama, fidalgo ligado à oposição, para finalmente viajar à Índia. O objetivo era conseguir alianças com os tão sonhados reis cristãos do Oriente e descobrir meios de cortar a subvenção econômica dos árabes, deixando-os em penúria para que se pudesse, enfim, retomar a Terra Santa.
Vasco foi, não encontrou os cristãos, mas trouxe a confirmação de uma nova rota para a Ásia. E isso mudou toda a história. A oposição relaxou, os desconfiados deram o braço a torcer, e então foi possível, um ano após o regresso de...