Numa das aulas, dissemos que, para entender os fatos da história, precisamos deixar de buscar as suas razões em coletividades, como o Estado, ou a nação, e voltar nossos olhos às pessoas reais, concretas, que, organizadas num Estado, com suas instituições, podem agir, segundo determinada intenção.
Portanto, para compreendermos com maior clareza as motivações que levaram os portugueses à Conquista de Ceuta, precisamos conhecer mais de perto, considerando toda a complexidade de um homem de carne e osso, o protagonista dessa aventura, a pessoa sem a qual não haveria essa nem tampouco as demais navegações. Precisamos colocar um foco na vida e nas ações do Infante Dom Henrique [1].
Dom Henrique era o terceiro na linha de sucessão do Rei João I, atrás de Dom Duarte e Dom Pedro. Ele nasceu, no Porto, em 1394 [2], numa Quarta-feira de Cinzas, um dia infausto. Mesmo assim o menino nasceu e cresceu nutrindo altos ideais de cavalaria. Talvez por isso o pai lhe tivesse alguma preferência. No fim, era o que mais tinha puxado para o rei, embora, como dissemos, não fosse o seu sucessor imediato. Não que João I não se desse bem com outros filhos. Era mesmo questão...