Dom Manuel, o Venturoso, morreu de repente, em 1521. Com ele, também o seu audacioso projeto imperial, de que tanto falamos. Só omitimos, até agora, que nesse projeto se incluía o velho sonho do iberismo, que é a união da Península Ibérica, a Hispânia dos romanos, unida sob um mesmo governo. Diga-se que ao longo da história, com aqueles seguidos casamentos de príncipes e princesas, reis e rainhas, Portugal e Espanha sempre tentaram aplicar um golpe no outro, sempre quiseram tomar para si a coroa do vizinho.
Pensando nisso, Dom Manuel acordou de casar seu filho, futuro Dom João III [1], com a Infanta de Espanha. Porém, morta a sua esposa, mãe do príncipe, ele próprio decidiu casar com a princesa castelhana. O movimento foi visto com maus olhos e serviu de pretexto para a ala opositora, descontente com seu projeto imperialista, unir-se em torno do Infante, homem dotado de alma mais prática; mais de mercador e menos de cruzado.
Dom João III, quando assume o trono, tem de lidar com situações plenamente modernas. Precisa enfrentar o protestantismo; traz jesuítas para o seu reino; vê instalar-se a Inquisição. Também, por cautela, tira a universidade de...