Iniciaremos agora a terceira etapa do nosso curso sobre as navegações portuguesas. A primeira, como vimos, foi dedicada ao Cruzado, ao espírito de cruzada que animou a fundação do reino de Portugal e impulsionou nobres, infantes e reis a lançarem-se à conquista da África e do Atlântico. A segunda parte, a do Mercador, voltou à realidade do comércio que os portugueses estabeleceram na região da Guiné, no continente e nas ilhas do entorno; comércio que não tinha um fim em si mesmo — e isso os livros didáticos não contam —, mas que servia para abastecer novas empreitadas, novas descobertas, novas buscas não só às Índias e suas especiarias, mas ao reino de Preste João ou de algum outro rei aliado que pudesse cooperar na luta contra o inimigo muçulmano.
Para se ter uma ideia — e aqui já vamos introduzindo o tema da presente aula —, quando Vasco da Gama chegou a Calicute, na Índia, mandou que um degredado, de nome João Nunes, fosse tomar notícias da terra, e lá, para grande surpresa, o homem encontrou dois comerciantes de Tunes, sujeitos que falavam espanhol e o dialeto genovês. Um deles, num castelhano arcaico, perguntou-lhe: “Al diablo que te doy, ¿quién te...