Estamos chegando ao final de uma primeira etapa desse curso sobre as navegações portuguesas, etapa em que tratamos fundamentalmente do espírito cruzado que deu o impulso à grande epopeia lusitana. Vimos que sem entender essa motivação, que remonta à fundação de Portugal, corremos o risco de cair nos preconceitos da historiografia moderna e concluir que aqueles homens arriscaram suas vidas nos mares jamais navegados em busca de especiarias. Ou seja, tudo não teria passado de um grande e arrojado empreendimento comercial — o que, convenhamos, não faz muito sentido.
O povo que saiu em navegação por razões comerciais foi o holandês [1]. Eles, encabeçados por protestantes e judeus, inclusive fundaram as famosas Companhias Holandesas das Índias (Orientais e Ocidentais), empresas privadas, de capital aberto, dotadas de privilégios do Estado, cujo fim era fazer comércio nas mais diversas partes do mundo, inclusive nas recém descobertas. Mas as navegações holandesas são posteriores. O auge da aventura portuguesa deu-se no século XVI; a empreitada holandesa só veio a iniciar no século XVII.
Claro que os portugueses também se aproveitaram das novas rotas e de...