Vimos na última aula que, antes de se alçar ao ápice de sua história, o reino português esteve afundado numa profunda crise moral. Crise essa marcada, como vimos, pelo efeminamento dos homens da corte. Dizíamos que entrou em Portugal a moda do amor cortês e com ela a ideia egoísta de que mesmo os reis deveriam buscar nos relacionamentos amorosos, antes de tudo, o contentamento pessoal, independente das consequências que isso traria para o seu povo.
Foi esse sentimento que moveu Dom Pedro no seu trágico romance com Inês de Castro. Foi também ele que levou Dom Fernando, filho de Pedro, a casar-se com Dona Leonor Teles e, com isso, colocar o reino mesmo em grave perigo de morte.
Dom Fernando, que tinha pretensões de ser rei de Castela, entrou para a história como “o Inconstante”, exatamente porque lhe faltavam as virtudes necessárias para um bom governo. A começar pela abnegação, que sempre levou seus antecessores a se casar com nobres estrangeiras visando, com essas alianças dinásticas, o bem de Portugal. Ignorando isso, ele optou por casar-se com uma portuguesa que, para piorar, já era casada. Evidentemente a história não foi bem digerida pelo povo,...