Retomamos nosso curso de direção espiritual, no segundo módulo, para aprender concretamente a ter uma vida de oração. Antes de iniciar a parte prática, estamos colocando as bases para enxergar a necessidade da oração, porque sem essa visão, não conseguiremos rezar de forma eficaz, isto é, a oração não será um meio de santificação.
Ser santo é agir divinamente, o que só é possível participando da natureza divina. Para isso, vimos ser necessário ter a graça santificante, dom criado por Deus, embora de ordem sobrenatural. No Salmo 50, com efeito, ao pedir a Deus que o renove espiritualmente, Davi usa justamente o verbo “criar”: “Criai em mim um coração que seja puro”. É o mesmo verbo, bará (heb. בארה), empregado pelo Gênesis na narrativa da Criação: “No princípio, criou Deus o céu e a terra” (1, 1). Por isso dissemos que a graça, embora esteja além da ordem natural, é todavia uma realidade criada mediante a qual Deus nos faz participar de sua natureza.
Essa graça, chamada habitual por estar na alma humana ao modo de qualidade estável, é comparada pelos autores espirituais a uma semente, para significar que ela está para a santidade como o grão para a planta, isto...