A experiência quase unânime atesta que é praticamente impossível progredir na perfeição cristã sem reservar um tempo exclusivo para a meditação. Por que isso? Porque, após o pecado original, ficamos “pesados” e lentos para compreender as verdades eternas: “O corpo, que se corrompe, torna pesada a alma” (Sb 9,15). Santo Tomás aponta duas causas para essa dissipação natural: a veemência das paixões e as perturbações exteriores.
O ato da contemplação, no qual consiste essencialmente a vida contemplativa, é impedido tanto pela veemência das paixões (que desviam a atenção da alma das coisas inteligíveis para as sensoriais), quanto pelas perturbações exteriores [1].Por essa razão, é realmente necessário ter na rotina diária um tempo reservado à meditação, fazendo como o Senhor ensinou no Evangelho: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, ora a teu Pai em segredo” (Mt 6,6). O próprio Cristo Senhor, embora ininterruptamente gozasse da visão beatífica em sua alma humana, afastava-se das multidões e passava horas em oração: “Despedidas as multidões, subiu sozinho a um monte para orar” (Mt 14,23). A perseverança na meditação diária das verdades eternas...