Na aula anterior, vimos que a meditação, antes de ser um método de oração, corresponde ao modo próprio de operar da inteligência humana, que não conhece por intuição direta da essência das coisas, mas por meio de raciocínios, isto é, discursivamente. Antes, porém, de abordar a meditação enquanto oração mental, é conveniente tratar de outro tema, não menos importante para o propósito deste curso: a necessidade de leituras espirituais enriquecedoras.
Fazer leitura espiritual não é ler um livro de meditação, como a Imitação de Cristo, para adquirir cultura; mas ler narrativas espirituais com o objetivo de estimular o imaginário e enriquecer o mundo interior. Podem ser biografias de santos ou episódios da vida de Nosso Senhor. Vejamos como exemplo o capítulo XXIV dos Fioretti, de São Francisco de Assis. Assim é narrado o encontro do santo com um sultão, provavelmente egípcio:
São Francisco, instigado pelo zelo da fé de Cristo e pelo desejo do martírio, certa vez atravessou o mar com doze dos seus mais santos companheiros, dirigindo-se, sem rodeios, ao sultão da Babilônia. E chegaram a um povoado de sarracenos, cujas passagens eram vigiadas por homens tão cruéis que...