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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 12, 46-50)

Naquele tempo, enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo”. Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

No Evangelho de hoje, Nosso Senhor dá uma resposta um pouco desconcertante  quando lhe informam que sua mãe e seus irmãos estão querendo falar com Ele: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?”. Contudo, logo em seguida, estendendo a mão para os discípulos, Nosso Senhor diz: “Eis minha mãe e meus irmãos” (Mt 12, 49-50). 

Como compreender esse Evangelho? Em primeiro lugar, é necessário nos recordarmos do contexto em que ele está inserido. Desde sábado passado, vemos que São Mateus quer transmitir o fato de que a pregação do Evangelho foi feita, primeiramente, para os judeus: “Ide primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 10, 6). Entretanto, Ele também nos mostra, a partir de citações do profeta Isaías, do exemplo dos ninivitas, da Rainha do Sul e do próprio Jesus, que Cristo quis, desde o início, alargar as fronteiras de um novo povo de Deus. 

O povo de Deus do Antigo Testamento começou com o grande ato de fé de Abraão, a quem Deus prometeu uma descendência tão numerosa quanto a dos astros do céu. Inicialmente, as pessoas interpretaram que essa descendência seria verdadeiramente carnal, de sangue, mas Deus queria que ela fosse construída a partir da fé de Abraão. Assim, chegada a plenitude dos tempos, Nosso Senhor, para reformar o povo do Antigo Testamento, iniciou um Novo Testamento com outro ato de fé maior e mais sublime do que o de Abraão: o ato de fé da Virgem Maria. 

Nossa Senhora gerou por mistério e milagre divino o próprio Filho de Deus: “Deus de Deus, Luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”. O ato de fé da Virgem Maria abriu as portas para que Deus entrasse em nosso mundo e nos salvasse da morte eterna. Portanto, precisamos agora ser membros do Filho gerado, e aqui percebemos o motivo de Jesus ter dado aquela resposta desconcertante: para salientar que não são os vínculos de carne que geram o novo povo de Deus, mas a fé de todo aquele que realiza a vontade divina.

E a vontade do Pai é que creiamos em seu Filho, Jesus Cristo, e pertençamos ao seu Corpo místico, que é a Igreja. Isso fica evidente no fato de que os Doze Apóstolos, que Jesus escolheu para serem o fundamento da nova Jerusalém, eram homens que tinham fé em Cristo. O que vemos também em Maria, a Mãe geradora desse novo povo. Por isso, peçamos a Deus a graça de realizarmos sua santa vontade e de nunca esquecermos que é na fé, e não no sangue, que nós somos gerados.

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