Na aula passada, vimos que existe uma ira que não é pecado. Trata-se de uma energia que pode fazer o bem ou o mal (θυμός, em grego), que significa exatamente uma pulsão, uma possibilidade que existe dentro de todo ser humano e, se bem usada, pode ser positiva.
No entanto, existe um aspecto da ira sempre ruim. Trata-se da doença espiritual propriamente dita, (οργη, em grego). Ela se dá quando a sensibilidade animal domina a alma e a deixa cega, tirando a dignidade do homem e impedindo que ele aja com justiça. A ira, portanto, torna o ser humano semelhante ao demônio, que é "homicida desde o princípio" [1].
A doença da ira cega o homem e faz com que ele reaja como um réptil, um animal irracional. Não é exagero, pois é sabido que a parte do cérebro de onde surge a ira é justamente aquela mais primitiva, idêntica ao cérebro dos répteis, dentre os quais se destaca a serpente [2].
A ira corrompe os relacionamentos entre as pessoas, não permite que elas se enxerguem como realmente são, mas a partir das distorções e das deformações que a ira mesmo provoca.
Alguns pensam que a solução para a ira é fechar-se em si mesmo e recusar a amar....