Embora não estivesse no plano original do Criador, a tristeza, enquanto paixão, é uma realidade moralmente neutra, como já se falou na última aula. Para que seja pecaminosa, torna-se necessário o concurso da inteligência e da vontade.
Antes, porém, de falar sobre como a tristeza assume o caráter de doença espiritual, importa distinguir que a palavra "pecado" – entre múltiplas classificações possíveis [1] – pode ser usada para se referir:
ao pecado original, que, em toda a humanidade, com exceção de Adão e Eva, não é uma falta cometida, mas simplesmente contraída, herdada;ao pecado pessoal (também chamado de atual) que "é aquele que o homem, chegado ao uso da razão, comete por sua livre vontade" [2]; ou aindaaos chamados pecados capitais (às vezes simplesmente chamados de vícios), que são as "doenças espirituais" propriamente ditas.No que diz respeito a essa última acepção, a tristeza – bem como os outros pecados capitais – pode estar alojada na alma, ainda que esta se encontre em estado de graça. Assim é, porque o pecado capital se trata de um hábito, uma tendência que provém do pecado e conduz a ele – dependendo da liberdade do indivíduo para se transformar em...