Vimos na aula anterior que, entre os vários títulos do Santíssimo Sacramento, a Igreja o chama também de “Santo Sacrifício”, tendo em vista a sua natureza de sacrifício e de memorial da Paixão e Ressurreição de Nosso Senhor. O sacrifício da Missa acontece propriamente, embora de forma incruenta, durante a consagração, quando, “pelas palavras de Cristo e pela invocação do Espírito Santo”, diz o Catecismo, os sinais do pão e do vinho “se tornam o corpo e o sangue do mesmo Cristo” (n. 1333); enquanto que “no ofertório”, ou seja, na apresentação das oferendas, nós apenas “damos graças ao Criador pelo pão e pelo vinho, fruto ‘do trabalho do homem’, mas primeiramente ‘fruto da terra’ e ‘da videira’, dons do Criador” (id.). Apesar de parecer inofensiva, essa distinção pedagógica do Missal de Paulo VI já rendeu muitas polêmicas entre os liturgistas, o que nos dá ocasião para uma justa abordagem do tema.
Acontece que, antes da reforma litúrgica, o ofertório da Missa já apresentava os sinais do pão e do vinho como um sacrifício ou oblação, dizendo o sacerdote: Súscipe, sancte Pater, omnípotens aetérne Deus, hanc immaculátam hóstiam, quam ego indígnus fámulus tuus óffero...