Vimos até agora que o homem, em virtude do pecado original, tornou-se necessitado de um Redentor. Encontramo-nos numa situação em que não só merecemos a condenação eterna como, além disso, a nossa própria vida aqui no mundo converteu-se num pequeno “inferno”, já que, incapazes de pagar por nós mesmos a dívida contraída diante de Deus, nos vemos marcados pelas consequências do pecado.
De fato, o pecado original deixou abertas na natureza humana três grandes feridas: a ignorância, que nos debilita a inteligência, feita para conhecer a verdade; a malícia, que desordena a nossa vontade, desviando-a do bem verdadeiro; e a concupiscência, que faz nossos apetites procurarem, desobedientes à ordem da razão, os bens sensíveis e deleitáveis.
Isso não significa, contudo, que tenha sido destruído todo o bem da nossa natureza nem que tenhamos perdido completamente a capacidade de chegar ao conhecimento da verdade. Significa, antes de tudo, que estamos debilitados em nossas potências, como que cegos à luz de Deus, menos proclives ao exercício da virtude, mais inclinados, devido ao mundo passional descontrolado que borbulha dentro de nós, à prática do mal.
Todo esse...