S. Gabriel Arcanjo, ao visitar Nossa Senhora em Nazaré, trouxe-lhe uma notícia que ninguém poderia imaginar. O Filho do Deus excelso, criador do céu e da terra, iria fazer-se homem por meio de uma virgem, sobre a qual viria o Espírito Santo. Ali, nas brevíssimas palavras que compõem a anunciação, é revelado o mistério — escondido desde todos os séculos — da Trindade Santíssima. O anúncio da Encarnação coincide, pois, com a revelação do mais sublime mistério de Deus.
É verdade, sim, que em várias páginas do Antigo Testamento essa verdade se encontra como que sugerida, indicada ou insinuada, de forma mais ou menos vaga e remota. No Livro do Gênese, por exemplo, Deus fala muitas vezes em plural (cf. Gn 1, 26; 3, 22; 11, 7); os livros sapienciais, por sua vez, referem-se em inúmeras ocasiões à Sabedoria divina e à sua geração a partir de Javé (cf. Pr 8, 22-24); também o Espírito de Deus aparece em diversas passagens do Texto Sagrado (cf. Gn 1, 2; Sl 50, 13; 103, 30; Sb 1, 7; Is 11, 1s; 61, 1s; 63, 10). Mas é só no Novo Testamento que essa verdade seria posta sob clara luz: o Deus uno, revelado a Israel e ignorado pelos pagãos e politeístas, é trino em pessoas.
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