Estudamos na aula passada os dois primeiros novíssimos do homem: de um lado, a morte, que na ordem atual da providência divina é consequência punitiva e universal do pecado do primeiro homem; de outro, o juízo particular, que se dá logo depois da morte física e no qual se determina o destino eterno do falecido. É precisamente sobre os três possíveis destinos que nos esperam para além da vida terrena que falaremos na presente aula. Aqui, portanto, iremos tratar daquelas realidades que a escatologia católica denomina céu, inferno e purgatório.
I. O inferno
Antes de qualquer coisa, precisamos ter em mente, como pressuposto indispensável a essa matéria, que Deus nos criou livres, dotando-nos da capacidade de escolher cooperar ou não com a sua graça. Embora Ele deseje de coração que todo homem se salve e chegue ao conhecimento da verdade, como atesta a S. Escritura pela pena do Apóstolo (cf. 1Tm 2, 4), sempre nos está aberta a possibilidade de resistirmos livremente à sua vontade salvífica. O inferno existe, portanto, não por falta de misericórdia em Deus, mas por falta de amor e boa vontade em nós; ele surge, consequentemente, não de uma falta de bondade no Senhor,...