Como vimos na aula passada, a graça atual, responsável tanto pela conversão do pecador como pela progressiva santificação do justo, é de muitas classes. Ela pode, por exemplo, ser interna (como a inspiração de um bom pensamento ou desejo) ou externa, movendo nossas potências mediante certos objetos (uma pregação, um exemplo edificante, a leitura de um livro piedoso etc.).
Ora, uma vez que a graça atual é oferecida a todos, costuma-se dizer que ela é suficiente em si mesma, ou seja, que o homem, com esse auxílio divino, pode praticar o bem, desde que o queira fazer, porque Deus nos ilumina a inteligência e convida a nossa vontade, mas não força nunca a nossa liberdade. Daí que o homem possa resistir à ação da graça e, por falta de cooperação, impedir que ela, de suficiente, se torne também eficaz.
Mas para que o homem que, ouvindo os apelos divinos e deixando-se mover pelas graças atuais recebidas, torne-se de fato amigo de Deus — isto é, para que saia do estado de pecado e entre no de justiça —, é necessário que em sua alma se opere uma transformação radical, levada a cabo pelo que em teologia recebe o nome de graça santificante (ou habitual).
Trata-se de...