Para sermos salvos e participarmos da vida de Deus, é necessário que a Ele nos unamos. O problema, como visto na aula passada, é saber de que modo esses dois extremos tão distantes e desiguais podem unir-se de uma forma estável e permanente, sem que o homem, frágil criatura, se “dilua” na grandeza inesgotável do ser divino.
A solução deste problema depende do entendimento prévio de dois conceitos-chave elaborados pela teologia cristã ao longo dos primeiros séculos da Igreja: os conceitos natureza e pessoa.
A palavra “natureza” (φύσις ou οὐσία, em grego) designa a essência de uma coisa e responde à pergunta: “O que é isso?”, ao passo que a palavra “pessoa” (πρόσωπον ou ὑπόστασις, em grego) responde à pergunta: “Quem é este?” Assim, por exemplo, quando perguntamos a uma mãe: “Quem é o seu filho?”, buscamos descobrir a sua identidade, ou seja, o sujeito ou a pessoa nascida desta mãe. Mas ninguém, ao menos em sã consciência, pergunta a uma mulher grávida: “O que é o seu filho?”, pois é óbvio que de um ser humano só pode nascer outro ser humano, ou seja, um indivíduo da mesma natureza.
Ora, todos os homens compartilham a mesma natureza humana, embora...