Muitas pessoas têm grande dificuldade de se manterem castas no namoro, justamente por não saberem o que ele é e para quê serve.
Antes de mais nada, é importante dizer que a forma atual do namoro, o enredo romântico da mocinha que encontra o seu príncipe, apaixona-se, vê coraçõezinhos, sente borboletas no estômago, e se casa, nem sempre foi assim. Antigamente — e isso vemos em livros, filmes etc. — as famílias escolhiam os noivos, entravam num acordo, e os nubentes, de livre vontade, consentiam e se casavam com a pessoa designada pelo pais. Essa era a regra do jogo. Quer dizer, o raciocínio atual diz: “Porque amo, eu me caso”. Antes dizia: “Porque casei, eu amo”.
A visão atual, romântica, em que as pessoas estão bitoladas, não tem peso histórico. É um fenômeno de dois séculos contra uma tradição de milênios. Na dinâmica normal, de até bem pouco tempo, além de a família escolher o cônjuge, ela também apoiava o jovem casal no início da vida, dando o apoio necessário com a criação dos filhos, com a economia doméstica, com as dificuldades do convívio etc. O casal recente, portanto, não tinha a mesma autonomia que vemos hoje. Eles estavam debaixo da obediência...