A história deste curso sobre os Dez Mandamentos, que é, sem dúvida, um dos mais importantes do nosso apostolado, começou há uns onze anos. Foi nessa época que comecei a meditar mais detidamente a respeito da salvação e do caminho de santidade, reparando, mesmo sendo padre, que não tinha recebido uma formação adequada. No fundo, embora me achasse católico, minha cabeça raciocinava como a de um luterano; ou, para melhor dizer, de um nominalista.
Afirmei, agora vou explicar. Um sujeito chamado Guilherme de Ockham, autor medieval, fez o seguinte arrazoado: Deus, que é onipotente, fez o ser humano; mas esse ser humano não tem substancialidade, não possui uma natureza. Na prática, segundo essa visão, o homem pode ser qualquer coisa. Ora, só não estamos diante de um ideólogo do gênero porque Ockham, sendo medieval, não dizia que o homem pode ser, conforme seu arbítrio, mulher, cachorro ou girassol. Dizia que o homem pode, sim, ser qualquer coisa, mas de acordo com a vontade de Deus.
Por exemplo: para ele, o Primeiro Mandamento, que é “amar a Deus sobre todas as coisas”, podia se transformar, se assim quisesse o Criador, em “odiar a Deus sobre todas as coisas”. Se...