Vimos que a desordem entrou no ser humano pelo pecado de Adão e Eva. Desde então, as coisas criadas, que eram ícones, janelas para o Céu, tornaram-se ídolos aos olhos do homem, portas que nos fecham no mundo e nos impedem de ver, na criatura, o Criador. Por isso, podemos dizer que há: a natureza íntegra, de Adão e Eva; a natureza decaída, de quem nasceu com o pecado original; e a natureza restaurada, que se alcança com o Batismo, e é um meio termo entre as duas.
Ora, acontece que o Batismo nos deixa ainda com resquícios do pecado original e da desordem que ele provocou. Vemos isso já nas crianças. Está lá o menino brincando com o seu carrinho e, quando o objeto não obedece aos seus comandos, ele o joga no chão, grita, chora e é tomado por um acesso de fúria. Evidentemente, isso é uma desordem. Mas não é um pecado. E é essa distinção que precisamos fazer.
Para pecar é preciso que se tenha inteligência. Se, passeando no Pantanal, um jacaré nos devorar, a fera não terá cometido pecado nenhum. Será um acidente ecológico. Por outro lado, se vamos lá e matamos o bicho, terminaremos na cadeia, por crime ecológico. O que difere? A inteligência. Podemos ser punidos...