Para concluir nossas reflexões sobre o 7.º Mandamento, temos de falar também do 10.º, pois, como dissemos, os dois andam sempre juntos.
O 10.º Mandamento é: “Não cobiçar as coisas alheias”. Ora, numa sociedade em que as pessoas vivem constantemente instigadas ao consumo, ao desejo disso ou daquilo, há muita dificuldade de se entender essa Lei. Afinal, em que ela consiste?
Para começo de conversa, temos de compreender que, devido ao pecado original, existe no ser humano uma disfunção. São João, na sua Primeira Carta, recorda-nos que “o que há no mundo é a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1Jo 2, 16). A concupiscência dos olhos sempre foi interpretada pelos Santos Padres como aquele desejo que a pessoa tem das coisas alheias.
Não é pecado querer determinada coisa. Suponha que um sujeito compre uma Ferrari e o vizinho, aficionado por carros, olhando da janela, pense: “Ah, se eu tivesse uma dessas…”. Esse movimento não é pecado; é simplesmente um desejo. Esse desejo normal, no entanto, antes de se tornar pecaminoso, pode virar um desejo desordenado, uma obsessão. Nosso Senhor nos recorda: “Onde está o teu tesouro, aí...