Vimos nas últimas aulas que os Mandamentos expressam aquilo que é o direito natural, a justiça que deriva da estrutura mesma do ser, mas que também estão relacionados à graça divina, que nos dá condições de observá-los. Em outras palavras, os Mandamentos estão fundados sobre a Lei Natural, mas também vinculados ao mundo sobrenatural, o da vida divina (zoé). Daí que tenhamos estudado, na sequência, duas das três virtudes teologais: a fé e a esperança. Resta-nos, agora, falar da caridade.
O Apóstolo São João nos diz que Deus é amor, “Deus caritas est” (1 Jo 4, 8). Deus é αγάπη (agápē), palavra grega para dizer caridade. No entanto, só podemos compreender a caridade divina por analogia, porque há um abismo infinito do amor humano para o Amor de Deus. O Amor de Deus é perfeitíssimo, pois só Ele se conhece de modo perfeito. Para conhecer a Deus como Ele se conhece, precisaríamos de um intelecto divino; para amar a Deus como Ele se ama, precisaríamos de uma vontade divina. Mas não temos uma coisa nem outra.
Há uma firme correlação entre o conhecer e o amar. Ou, dizendo de outro modo: ninguém ama o que desconhece. Talvez essa realidade tão evidente soe esquisita...