O mistério do Natal deve ser saboreado e, para isso, o Catecismo começa esse tópico apresentando dois textos litúrgicos, um da Igreja Oriental e outro da Ocidental. O objetivo dessa apresentação é mostrar justamente que Deus inefável, Criador do universo, fez-se pequeno, um menino na gruta em Belém.
Trata-se de um ‘escândalo’ difícil de ser compreendido. Mesmo quem está acostumado com o Cristianismo, para perceber a profundidade desse mistério, é necessário, antes de tudo, que se escandalize intelectualmente diante dele.
Existe uma tendência, desde o início do Cristianismo, em se amenizar esse escândalo. Ela consiste na tentativa de se colocar em termos racionais, aceitáveis, aquilo que agride a intelectualidade. A razão humana diz que Deus, infinito e inefável, não pode se fazer homem. Porém, se o homem levar a racionalidade até o fim chegará na pergunta: “mas, como é que o Onipotente não pode?” Ora, a onipotência de Deus se manifesta na sua capacidade de fazer-se impotente.
Os antigos filósofos não aceitavam a possibilidade de que Deus pudesse ‘amar’ o homem. Que o homem amasse a Deus, tudo bem, mas, o contrário jamais. Porém, o...